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Arquitetos: Nelson Resende
- Área: 320 m²
- Ano: 2007
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Fotografias:João Morgado
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto reporta-se a uma habitação unifamiliar construída num terreno com a área de 700m², situado entre a rua de acesso, a Poente, um terreno actualmente utilizado para o cultivo, a Norte e um outro terreno, a Sul e Nascente, ocupado por uma habitação.
A materialização da proposta assenta numa matriz geométrica rígida, que tenta encontrar relações métricas e espaciais entre as partes constituintes da habitação e do terreno, propondo a racionalização da construção contraposta à área envolvente. É criada uma área, intencionalmente desenhada e artificializada, que dita as regras internas da habitação e do espaço exterior de apoio, potenciando uma faixa de perímetro de 3.00 metros de largura, relacionada com a topografia natural, mantida tal como está.
É no "miolo" que a proposta aplica e resolve o programa e a ligação dos vários espaços que formam e geram as vivências pretendidas, desde circulações, espaços de trabalho, de estar ou de descanso, quer exteriores, quer interiores.
A longitudinalidade do terreno, permite explorar uma sucessão de espaços geometricamente iguais, repetidos ao longo de um percurso, e que se desenvolvem de forma substancialmente diferente – o pátio de acesso para automóveis, relacionado com o espaço da garagem; o espaço de jardim exterior, relacionado com o espaço de estar interior da habitação; o pátio exterior de serviço, ao nível da cave relacionado com os espaços de trabalho, fechando e rematando esta sucessão.
A habitação, exceptuando o espaço de circulações horizontais e verticais (rasgado a Norte e a Sul), ora se abre para Poente (Sala Principal e Quartos), ora se abre para Nascente (espaços de serviço, ou espaços de apoio). Contrariamente, a luz artificial é desenhada nos planos cegos das fachadas Sul e Norte e permite um jogo de contrastes que acentua os planos transparentes de dia e realça os planos opacos de noite.
A construção da garagem junto à rua e o consequente afastamento da habitação, permite usufruir da pendente do terreno como forma de potenciar uma certa imagem de amplificação do discurso arquitectónico, não só volumetrica como também formalmente; a contenção do volume da garagem junto à rua, (um piso encerrado visualmente) e a expansão do volume da habitação (três pisos abertos visualmente), explora também as relações da família com a casa - intencionalmente dirigida para a paisagem que tem, a partir deste ponto, um desenvolvimento considerável e participa no conforto de cada um dos espaços interiores. A habitação pretende ser também um refúgio.
Construtivamente a habitação apresenta soluções que melhoram e reforçam a identidade das suas partes constituintes, reflectindo contudo a sua estrita relação – é intencional a vontade da resolução formal dos volumes propostos através da aplicação e tradução taxativa dos elementos construtivos que resolvem problemas estruturais ou de simples preenchimento dos planos verticais, assumidos na sua verdadeira dimensão.
O objetivo passou por validar uma solução mais distante de imagens muito sofisticadas e demasiado bem acabadas, permitindo a identificação dos sistemas construtivos e a consequente integração numa envolvente marcadamente rural.